Baltimore

Desigualdade e resistência em “Baltimore” de Nina Simone

Em “Baltimore”, Nina Simone utiliza a imagem da “gaivota maltratada” tentando encontrar o oceano para simbolizar a vulnerabilidade e o sentimento de deslocamento das pessoas marginalizadas. Logo no início da música, essa metáfora destaca a busca por pertencimento em meio à decadência urbana, reforçando o clima de abandono vivido pelos moradores da cidade. A letra deixa claro o cenário difícil de Baltimore, onde “Ain't nowhere to run to / There ain't nothin' here for free” (Não há para onde correr / Não há nada aqui de graça), mostrando a falta de oportunidades e a sensação de impotência diante das adversidades.

A canção retrata cenas do cotidiano de exclusão social, como a prostituta na esquina e o bêbado dormindo na chuva, ilustrando a dura realidade de quem vive à margem. O refrão “Oh, Baltimore, man, it's hard just to live” (“Oh, Baltimore, cara, é difícil só viver”) resume o desespero e a luta diária pela sobrevivência. A interpretação de Nina Simone, marcada por sua voz melancólica, intensifica o tom de denúncia e lamento da música. Mesmo tendo expressado insatisfação com a produção do álbum e a influência do reggae, Simone transmite uma emoção profunda, tornando a canção um retrato universal das dificuldades enfrentadas em ambientes de pobreza e abandono. O desejo de fugir, expresso no trecho sobre levar a família para o campo e nunca mais voltar, revela tanto a esperança de escapar quanto a gravidade da situação enfrentada pelos habitantes da cidade.