Very Ape

Crítica ao machismo e ironia em "Very Ape" do Nirvana

Em "Very Ape", o Nirvana, liderado por Kurt Cobain, faz uma crítica direta ao machismo e à postura do "macho alfa". Logo nos primeiros versos, como “I'll take pride as the king of iliterature” (Tenho orgulho como o rei da iletratura), Cobain usa a autodepreciação para ironizar a arrogância e a superficialidade desse estereótipo masculino. O próprio título da música já sugere essa abordagem, ao associar o comportamento bruto e primitivo do macho dominante à figura de um macaco, expondo a hipocrisia desse papel social.

A letra segue com trechos como “I'm so busy acting like I'm not naive / I've seen it all, I was here first” (Estou tão ocupado fingindo que não sou ingênuo / Já vi de tudo, eu estava aqui primeiro), reforçando o tom sarcástico. Aqui, Cobain mostra alguém que tenta parecer experiente e maduro, mas na verdade está preso em inseguranças e contradições, tema recorrente em outras músicas da banda. O refrão “Out of the ground / Into the sky / Out out the sky / Into the dirt” (Do chão para o céu / Do céu para a terra) pode ser entendido como uma metáfora para os altos e baixos emocionais ou para a oscilação entre arrogância e vulnerabilidade.

A inspiração de Cobain veio do seu desprezo pelo machismo, o que se reflete na postura irônica e crítica da letra. Além disso, a influência do riff de "Kanishka" dos Los Brujos, confirmada pelo biógrafo do Nirvana, mostra como "Very Ape" também dialoga musicalmente com outras cenas alternativas, reforçando o espírito de ruptura e experimentação do álbum "In Utero".