Capo

Violência, status e autonomia em “Capo”, de NLE Choppa

Em “Capo”, NLE Choppa transforma a violência em ferramenta de status e autopromoção para um garoto de 16 anos. Ele se coloca como “chefe” e assume controle da própria carreira: “I'm independent, can't sign a deal / Won't sell out for a couple mill” (Sou independente, não vou assinar um contrato / Não vou me vender por alguns milhões). A crítica, como Alex Zidel, destacou essa postura no período em que Choppa gravava em South Memphis, sobre a base de piano de Midas800 (o mesmo de “Shotta Flow”), o que sustenta uma entrega crua e confiante.

A faixa encena a rua como guerra e estratégia. O tom homicida aparece em “I'm tired of him breathing, I'm taking his breath” (Estou cansado de ele respirar, vou tirar o ar dele). Sinais de afiliação surgem em “I shoot to my right, my flag on the left” (Atiro para a direita, minha bandeira à esquerda), e o luto de favela em “The opps pull up, put him on a shirt” (Os rivais chegam, botam a foto dele na camiseta). As imagens de terror (“mask like Jason and Freddy” – máscara como Jason e Freddy) e a ancoragem cultural de gangue (“word to Bobby Shmurda” – referência a Bobby Shmurda) reforçam a intimidação. Choppa expõe a lógica da retaliação — “them bullets wasn't meant for you” (essas balas não eram para você) / “Fuck that, spin again” (que se dane, volta e ataca de novo) — e assina com trocadilhos: “good aim in the pocket like I'm Brady” (boa mira no pocket, como o Brady), “I used to be a hoopa… then I turned to the shoota” (eu era do basquete… depois virei atirador), “Mop a nigga with the .40, I'm a janitor” (passo o rodo num cara com a ponto 40, sou um zelador), “I'm in her mouth, that's dental” (tô na boca dela, isso é coisa de dentista). A parceira, tratada como enfermeira que fornece Percocet e esconde a arma, mostra a rede íntima que sustenta esse estilo de vida. O clipe viral impulsionou seu nome nas paradas de base, mesmo sem entrar na Billboard Hot 100.