Querido Cupido

Desilusão e autossabotagem após o amor em “Querido Cupido”

Em “Querido Cupido”, Nle Dopre aborda de forma direta o impacto devastador do fim de um relacionamento, mostrando como a dor pode levar à autossabotagem e ao isolamento emocional. O artista inverte o papel do Cupido, tradicional símbolo do amor, tornando-o alvo de sua frustração: “Cê fudeu minha vida irmão / Talvez eu nunca te perdoe por isso”. Esse diálogo fictício com o Cupido, inclusive por meio de um telefonema, cria um tom íntimo e confessional, aproximando o ouvinte da vulnerabilidade do narrador.

A letra expõe sem filtros as consequências do término: ansiedade, medo de se envolver novamente, aumento do consumo de cigarro, noites em claro e relações superficiais. O trecho “Começa a fumar / O dobro do cigarro / Ficando cada vez mais magro / Se deita com um monte de / Mulheres estranhas / E passa a noite acordado” mostra como o protagonista tenta preencher o vazio com hábitos autodestrutivos e encontros sem significado, mas sem conseguir se entregar de verdade. Mesmo assim, ele admite que ainda ama a ex-parceira, como revela no telefonema embriagado: “Só liguei pra dizer / Eu te amo / Memo que não esteja / Mais na minha vida / Sua filha da puta / Eu ainda te amo”. O uso de palavrões e confissões cruas reforça o tom desiludido e sincero, característico de Nle Dopre.

Ao pedir repetidamente para que o Cupido o deixe em paz e direcione sua flecha para outro, o narrador expressa o desejo de se afastar do amor, agora visto como fonte de sofrimento. O café amargo e a vodka, antes rejeitada, tornam-se símbolos do gosto amargo que o amor deixou, marcando o pós-término como um período de luta interna e dificuldade de seguir em frente.