Everywhere, Everything

O amor diante da finitude em “Everywhere, Everything”

Em “Everywhere, Everything”, Noah Kahan apresenta uma visão sincera e pouco convencional sobre o amor, marcada pela aceitação da mortalidade. Logo no início, o verso “I wanna love you till we're food for the worms to eat” (“Quero te amar até sermos comida para os vermes”) deixa claro que o artista não idealiza promessas de eternidade, mas valoriza um vínculo que persista até o fim literal da vida. Essa abordagem destaca a vulnerabilidade e a honestidade que caracterizam tanto a composição de Kahan quanto sua parceria com Gracie Abrams.

A letra alterna entre cenas do cotidiano e imagens de destruição, como em “We didn't know that the Sun was collapsing / Till the seas rose and the buildings came crashing” (“Não sabíamos que o Sol estava colapsando / Até que os mares subiram e os prédios desabaram”). Esses trechos sugerem que, mesmo diante do caos e da incerteza, o desejo é permanecer junto. O verso “Two bodies riddled with scars from our preteens / Intertwine in a car's dirty backseat” (“Dois corpos cheios de cicatrizes da pré-adolescência / Se entrelaçam no banco de trás sujo de um carro”) expõe marcas do passado e a busca por conforto mútuo. Referências como “all of our book's pages dog-eared” (“todas as páginas do nosso livro marcadas”) e “We write out the ends on our palms, dear / Then forget to read” (“Escrevemos os finais nas nossas palmas, querido(a) / Depois esquecemos de ler”) falam sobre o tempo, as memórias e a tendência de ignorar o fim inevitável. O refrão, repetido como um mantra, reforça que o amor verdadeiro está em aceitar a impermanência e em compartilhar cada momento, até o último suspiro.