Cheirinho No Bigode (part. CHF)

Provocação e cotidiano suburbano em “Cheirinho No Bigode”

Em “Cheirinho No Bigode (part. CHF)”, Nochica adota um tom irreverente e sexualmente explícito para afirmar sua masculinidade e ostentar conquistas. A expressão repetida “cheiro de xota no meu bigode” usa o bigode como metáfora para experiências íntimas recentes, deixando claro o teor provocativo da música. Ao mesmo tempo, Nochica insere referências ao cotidiano do subúrbio carioca, como em “sou cria da Norte”, além de mencionar atividades ilícitas, contatos na cadeia e o tráfico, elementos comuns no trap nacional e presentes nas produções de CHF.

A letra alterna entre ostentação, desejo de consumo — “vou é gastar um dinheiro no shopping” — e a tensão do ambiente urbano, evidenciada em “atividade com esses xis nove / se falar merda, ele sabe que morre”. O termo “xis nove” se refere a delatores, reforçando o clima de desconfiança e perigo. Nochica também rejeita o romantismo, como em “não me chama de amor / eu sou putão, quero crime / não quero romance”, e se coloca como alguém que vive à margem das normas sociais. O uso de marcas como Lacoste e armas como Glock e Sig Sauer serve para ironizar clichês do rap e marcar posição dentro da hierarquia do crime e do respeito na comunidade, como em “meu nome na calçada da fama do bairro”. A música retrata, de forma direta e sem filtros, um estilo de vida marcado por ostentação, sexualidade, criminalidade e códigos próprios de respeito e sobrevivência.