Flagellation

Ritual, dor e transcendência em "Flagellation" do Non Est Deus

A música "Flagellation" do Non Est Deus aborda de forma direta a prática da autoflagelação como um ritual de purificação espiritual, ligando o sofrimento físico à busca por transcendência e redenção. A letra mostra que a dor autoinfligida não serve apenas como punição, mas como um método para "combater minhas paixões malignas" e "elevar-se acima dos limites" pessoais. Isso remete a tradições ascéticas históricas, nas quais a dor era vista como um caminho para a salvação. O verso repetido "Pain is temporary, passion stays forever!" (A dor é temporária, a paixão permanece para sempre!) reforça a ideia de que o sofrimento físico é passageiro, enquanto o objetivo espiritual – superar os desejos terrenos – é duradouro.

O contexto religioso é reforçado por referências à liturgia católica, como "matins and the lauds for Mary" (matinas e louvores para Maria), "Psalm 6" (Salmo 6), "Miserere", "Gloria Patri" e "Requiem aeternam" (descanso eterno). Esses elementos situam a flagelação dentro de um ritual religioso e sugerem uma tentativa de imitar o sofrimento de Cristo, como nos versos "Visualize the suffering of Christ" (Visualize o sofrimento de Cristo) e "I imitate the suffering of Christ" (Eu imito o sofrimento de Cristo). Ao descrever o ato físico de "a corda batendo, rasgando a pele", a música evidencia o sacrifício extremo em busca de purificação, enquanto a oração por "alívio dos meus pecados e salvação" deixa claro o objetivo final: libertar-se das paixões consideradas pecaminosas. Assim, "Flagellation" explora o impacto emocional e psicológico de ultrapassar limites corporais em nome de uma causa espiritual, ao mesmo tempo em que reflete sobre a tradição religiosa que valoriza o sofrimento como meio de redenção.