Save Us

Crítica à fé e autonomia em “Save Us” do Non Est Deus

A música “Save Us” do Non Est Deus faz uma crítica direta à relação entre religião organizada e a perda de autonomia individual. Logo no início, o trecho “Blind and numb / Like a child fed by the breast / Of rotting words and promises” (Cego e insensível / Como uma criança alimentada pelo seio / De palavras e promessas apodrecidas) mostra como a fé cega pode infantilizar e anestesiar as pessoas, levando-as a aceitar doutrinas que, segundo a banda, já perderam seu valor ou autenticidade. O posicionamento do Non Est Deus, abertamente contrário à religião organizada, reforça que a crítica vai além da fé em si, abordando a dependência e a submissão geradas por essas instituições.

A repetição de “Save us, lead us, guide us, free us” (Salve-nos, conduza-nos, guie-nos, liberte-nos) funciona como um mantra irônico, destacando a passividade de quem espera por intervenção divina em vez de buscar autonomia. O verso “He gave us sins / We should exercise / For self punishment” (Ele nos deu pecados / Devemos exercitá-los / Para autopunição) questiona a lógica religiosa de culpa e penitência, sugerindo que a ideia de pecado serve para manter as pessoas presas a um ciclo de autopunição. No final, a música alerta para o risco de exclusão social ao se afastar da fé: “And if denied to follow / You’ll be serving the faithless / A treason to your own kind” (E se negar a seguir / Você servirá aos sem fé / Uma traição ao seu próprio povo). Assim, “Save Us” expõe o paradoxo de uma doutrina que promete liberdade, mas exige obediência, alinhando-se à postura crítica do Non Est Deus sobre o impacto da religião na autonomia humana.