TODO HOMEM FAZ

Reflexão sobre masculinidade e traumas em “TODO HOMEM FAZ”

Em “TODO HOMEM FAZ”, Number Teddie explora de forma direta as marcas deixadas por padrões masculinos herdados, especialmente no ambiente familiar. A repetição da pergunta “será que é isso que todo homem faz?” mostra a dúvida e o desconforto diante de comportamentos que parecem se repetir de geração em geração. O artista utiliza lembranças concretas, como o sofá da infância e a camisa da Riachuelo presenteada pela mãe, para dar um tom pessoal e cotidiano à narrativa, tornando a dor e a vulnerabilidade mais próximas do ouvinte.

A letra destaca o conflito entre a cobrança por maturidade precoce — “você diz pra eu crescer mesmo eu sendo novo demais pra beber” — e o medo de repetir os erros do adulto que o feriu — “mas que pena seria se eu crescesse igual a você”. Esses versos evidenciam o esforço de romper ciclos de sofrimento. O próprio Number Teddie já afirmou que a música é um desabafo sobre cicatrizes da infância e como elas afetam relações atuais. Isso aparece em versos que questionam a falta de desculpas ou explicações para o sofrimento vivido. A imagem dos “3 banhos no dia só pra te esquecer” representa a tentativa de se livrar das marcas emocionais, mas o resultado é o oposto: “vou ficando mais sujo e mais velho”, mostrando que o tempo não apaga traumas facilmente. A produção minimalista, com pianos e sintetizadores suaves, reforça o clima de solidão e honestidade, tornando a música um convite à reflexão sobre identidade, vínculos e a necessidade de quebrar padrões dolorosos.