Solidão Vira Revolta

Solidão Vira Revolta: Um Grito de Resistência e Dor

A música 'Solidão Vira Revolta' do Obinrin Trio é um poderoso manifesto contra a violência policial e o racismo estrutural que afeta a população negra no Brasil. A letra começa com uma cena tensa, onde o protagonista, ao ser abordado pela polícia, teme por sua vida. A menção de 'abaixa o farol, vem bem na surdina' sugere a necessidade de se esconder ou se proteger, enquanto 'olhos no céu, já começo a rezar' indica um pedido desesperado por proteção divina. A realidade brutal é que, se for pego, ele pode não voltar para casa, seja por ser incriminado injustamente ou morto.

A música aborda a questão da criminalização da juventude negra, onde 'se não me forjam os papelotes, me mandam pra vala' reflete a prática de plantar evidências para justificar a violência policial. A pergunta 'quanto é que vale a vida de um preto pra você' é um questionamento direto ao valor da vida negra na sociedade. A resistência é uma constante, mas muitas vezes, como a letra sugere, é seguida de morte. A repetição de 'o dedo apertou, a bala acertou, a mãe do menino chorou' enfatiza a dor e a perda contínua das famílias negras.

A música também critica a falta de distinção e a desumanização das pessoas negras, independentemente de idade ou profissão. 'Nem separa os homem dos menino, nem separam menina de mulher' mostra como todos são tratados com a mesma brutalidade. A letra destaca que, apesar das diferentes ocupações, todos compartilham a mesma cor de pele e, consequentemente, o mesmo destino de opressão. A revolta mencionada no refrão é uma resposta inevitável à solidão e à dor causadas por essa violência sistêmica. 'Solidão vira revolta' é um grito de resistência e um chamado à ação contra a injustiça racial.