(Can't Get My) Head Around You

“(Can't Get My) Head Around You”: frustração e ruptura

A faixa expõe a máscara e a ferida: “All your faking / shows you’re aching” (Todo o seu fingimento / mostra que você está sofrendo). O eu lírico acusa o outro de usar o relacionamento como curativo para um vazio, o que só agrava o problema: “Covering it up like a cut with the likes of me / The cut’s getting deeper” (Acobertando isso como um corte, com alguém como eu / O corte está ficando mais profundo). A dinâmica é de atração e repulsa: “Even though I try I can’t get my head around you” (Por mais que eu tente, não consigo entender você), ele “I fall in the river of you” (Eu caio no seu rio) e sente o abandono do que deveria amparar: “Heaven up above with a shove, abandons me” (O céu lá em cima, com um empurrão, me abandona). Há limite e autoproteção: “Letting you inside, isn’t right, don’t mess with me” (Deixar você entrar não é certo, não mexa comigo). O jogo de espelhos enfatiza a dor real por trás da pose: “faking” (fingimento) revela “aching” (dor) e “feeding” (alimentação) revela “bleeding” (sangramento). O mantra “get up, get up” (levanta, levanta) convoca a romper a inércia, mas a frustração prevalece no refrão repetido “I can’t get my head around you” (Não consigo entender você).

O próprio texto confirma o enigma irredutível do outro: “Every single day what you say makes no sense to me” (Todo santo dia o que você diz não faz sentido pra mim) e “I never really know what’s really going on inside you” (Eu nunca sei de fato o que está acontecendo dentro de você). No álbum Splinter (2004), a música alterna versos com guitarras contidas e refrão com distorção pesada, ampliando a escalada emocional do motivo central. No clipe de Joseph Kahn, a banda toca numa cúpula cercada por luzes e mais de 125 câmeras, reforçando a sensação de cerco e de busca por ângulos diferentes; a primeira aparição do baterista Atom Willard intensifica o ataque rítmico que empurra o narrador ao afastamento. O impacto levou a faixa a posições altas nas paradas de rock moderno, funcionando como catarse direta: energia sob pressão e um ponto final gritado.