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Alma Doente

Olivar Barreto

Ó! Porque não fui eu simples bloco de mármore,
Que talhado a cinzel ingressasse na história,
E na eterna mudez de venerada estátua,
Evocasse, silente, almo sonho de glória
Dum artista de fama!

Então, ao vendaval da transitória vida,
Passará indiferente e calmo a senda inglória,
Rumo da eternidade,
Não tendo a me queimar a pálpebra marmórea
A lágrima dorida,
Nem tendo a cruciar-me o peito esta saudade,
Nem a dor que devora a triste humanidade
Feita de luz e lama:
- Porque a pedra não vive e não pensa e não chora,
Porque a pedra não sonha e não sofre e não ama!

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