Living a Nightmare

“Living a Nightmare”: colapso moral, poder e cidade

Lançada em 2002 no álbum homônimo da Opera, “Living a Nightmare” encara a vida social como um jogo viciado. Termos como “dark dimensions” (dimensões escuras) e “illusions” (ilusões) não remetem a fantasia, mas a camadas de manipulação que deformam a realidade. Quando a letra afirma “This is a game, now my time is over” (Isto é um jogo, agora meu tempo acabou), a política aparece como farsa com derrota anunciada. A sequência “Corruption, betrayal” (Corrupção, traição), “Hypocrisy, pretension” (Hipocrisia, pretensão) e “all this fucking stuff from modern world” (toda essa porra do mundo moderno) pinta um mundo apodrecido, confirmado por “No mercy, no compassion” (Sem piedade, sem compaixão). Em “Liers remain in a world without honor” (Mentirosos permanecem em um mundo sem honra), a mentira vira norma, sustentada por “Insane hanger for power” (fome insana de poder). O desalento atinge o íntimo: “How can I dream? My life is a nightmare!” (Como posso sonhar? Minha vida é um pesadelo!).

Do diagnóstico ao cenário, a cidade surge como máquina desumanizadora em “Condemned to a jungle of stone” (Condenado a uma selva de pedra). Já “Conspiration, revolution / Greed” (Conspiração, revolução / Ganância) sugere que tanto a trama quanto a ruptura são tragadas pela cobiça. O inventário “Money, Lies, greed / Religion, blood, sins” (Dinheiro, mentiras, ganância / Religião, sangue, pecados) funciona como acusação direta às forças que moldam esse pesadelo — incluindo o uso da religião para controlar e justificar violência. As “dimensões escuras” podem ser lidas como colapso psicológico e como ruína moral coletiva. Riffs pesados e vocais intensos dão corpo a essa visão, transformando a sensação de sufoco cotidiano em impacto sonoro contínuo.