Forest Of October

“Forest Of October” entre ciclo final e esquecimento

Em “Forest Of October”, do Opeth, a morte surge como saída e passagem. Quando ele suplica “Take my soul (away)” (Leve minha alma (para longe)) e declara “I am free” (Estou livre), a liberdade parece alívio, mas logo cede à queda: “I fall alone” (Eu caio sozinho). A floresta funciona como limiar entre mundos, em sintonia com as influências ocultistas que Mikael Åkerfeldt citou e com rascunhos anteriores como “Requiem of Lost Souls” e “Mystique of the Baphomet”. Isso explica imagens como “veiled in darkness on either shore” (veladas pela escuridão em ambas as margens) e “sights of magic” (visões de magia). As “memories… shadowing the sunrise of my heart” (lembranças... obscurecendo o amanhecer do meu coração) travam qualquer renascimento. O frio e a solidão atravessam a voz: “I am so alone, so cold” (Estou tão sozinho, tão frio).

Outubro simboliza a etapa final do ciclo, “while leaves fall from the weeping trees” (enquanto folhas caem das árvores que choram). A origem e o destino se confundem em “From the eternal sea I rose” (Do mar eterno eu me ergui) e se encerram em “For me the sun rose no more” (Para mim, o sol não nasceu mais), enquanto a “web of time” (teia do tempo) apaga os últimos vestígios. O vocabulário cósmico e esotérico aparece em “blaze” (chama), “last universe” (último universo) e “wrapped in aeons” (envolta em éons). Musicalmente, Orchid alterna trechos acústicos e explosões de death metal, sustentando a oscilação entre paz e perda: “Dreaming away for a while / My spirit sighs in peace” (Sonhando distante por um tempo / Meu espírito suspira em paz). No fim, a frase “I am free” (Estou livre) soa como libertação, mas aponta para o apagamento: um desaparecimento silencioso na própria floresta de outubro.