Nêgo Roque

Resistência e identidade negra em “Nêgo Roque” de OQuadro

A música “Nêgo Roque”, do grupo OQuadro, questiona a ideia de que o rock é um gênero exclusivamente branco, destacando suas raízes negras e celebrando a influência da diáspora africana na música atual. O trecho “Eu sou o povo em um / E vou de um a milhões / Nigéria, congo, bahia / Tragédias, reflexões” faz uma ligação direta entre a trajetória do povo negro, desde a África até a Bahia, ressaltando tanto o sofrimento histórico quanto a força coletiva e a resistência. Ao citar nomes como “bambaataa e zumbi” e “Grave mohamed ali”, a letra reforça o orgulho e a ancestralidade, evocando figuras de resistência cultural e política. Expressões como “Punks em swahili” e “Meu santo é tipo afropunk” mostram a mistura de elementos do rock, rap e da cultura negra global, evidenciando a fusão de estilos e identidades.

O refrão “É nêgo roque / Eu sei que tudo é preto sangue” resume o tom afirmativo e orgulhoso da música. Já a frase “Africa is not a country” (África não é um país) critica a visão eurocêntrica e simplista sobre o continente africano. OQuadro usa a letra para afirmar que o estilo, a criatividade e a força vêm do gueto e da diáspora, como em “Estilo vem do berço / Nasceu no gueto, nêgo / Mali to memphis sobreviventes / Diáspora, diáspora”. A música celebra a diversidade de origens e experiências negras, citando cidades e nomes que representam diferentes vertentes da cultura negra no Brasil e no mundo. Ao repetir “Sigo ultrapassando barreiras, cruzando fronteiras, quebrando as correntes / Sempre”, a faixa reforça a ideia de superação, orgulho identitário e resistência.