Solteiro (Feat STK, Regula, Heber

Contradições e desejos em "Solteiro (Feat STK, Regula, Heber"

A música "Solteiro (Feat STK, Regula, Heber" do Orelha Negra explora de forma honesta as ambiguidades da vida de solteiro. O refrão melódico de Heber Marques contrasta com os versos confessionais de Sam The Kid e Regula, criando uma tensão entre o prazer da liberdade e a solidão que acompanha essa escolha. A canção vai além do clichê da curtição, mostrando que, por trás dos encontros casuais e da busca por novas experiências, existe uma reflexão constante sobre relacionamentos passados e o desejo por algo mais profundo.

Sam The Kid deixa clara essa dualidade logo no início, ao acordar com uma desconhecida e afirmar: “tou solteiro como culpa falecida”, sugerindo que a solteirice é tanto uma escolha quanto uma consequência de decepções anteriores. Ele também brinca com o estereótipo do homem solteiro ao dizer que é “mais presa do que predador”, mostrando saudade da estabilidade de um relacionamento antigo: “Perdi o que outrora tinha, era a quem batia coro”. Regula reforça o tom descompromissado, mas revela um certo vazio ao dizer: “as mensagens passam a massagens isso é uma passagem pás filmagens (mema bitch)”, indicando conexões superficiais. O verso “Eu tou apaixonado, foi o que eu disse à bocado, mas ela nem sabe da missa a metade” ironiza a facilidade com que se fala de amor, mesmo sem profundidade.

A mistura de hip-hop, soul e funk na produção musical reforça esse clima de nostalgia e celebração. O videoclipe amplia a ideia de que a vida de solteiro é feita de altos e baixos, encontros e desencontros. No fim, "Solteiro" não faz apologia nem condenação: apenas retrata, com sinceridade e bom humor, as contradições de quem vive entre a vontade de liberdade e a busca por sentido.