Ideologia

Crítica à cultura pop e busca por sentido em “Ideologia”

Em “Ideologia”, o Oriente faz uma crítica direta à superficialidade da música popular contemporânea, logo nos primeiros versos, ao imaginar a troca de artistas atuais por ícones do passado. O grupo cita nomes como Restart, Fresno e Luan Santana, representando o cenário comercial, em contraste com referências como Renato Russo, Bob Marley e Sabotage, conhecidos por suas letras engajadas e críticas sociais. Essa comparação deixa claro o desejo do Oriente de resgatar valores e mensagens que consideram perdidos com a ascensão de estilos mais voltados ao mercado.

A letra adota um tom contestador, criticando tanto a indústria musical quanto a sociedade que consome produtos culturais sem profundidade. O refrão “Ideologia, eu quero uma pra viver” expressa o desejo por princípios sólidos em um mundo dominado por modismos e valores descartáveis. O Oriente também questiona a proliferação de “MC, Beat Maker e Home Studio”, sugerindo que a facilidade de produção não garante qualidade ou conteúdo relevante. Ao citar uma lista extensa de artistas de diferentes épocas, o grupo valoriza a diversidade cultural e denuncia a fragilidade do cenário atual, resumida na frase “um mundo sem ideais é como um corpo sem coração”.

Além da crítica musical, a música aborda temas sociais como violência, corrupção e desigualdade, mostrando uma juventude desorientada e sem referências. O verso “Hoje matam Gandhis, antes de virarem um mártir” reforça a ideia de que figuras transformadoras são silenciadas antes de promoverem mudanças. Assim, “Ideologia” se destaca como um manifesto pela autenticidade, resistência cultural e busca de sentido em tempos de valores líquidos.