Neuroses (part. Azevedo e Shenlong)

Contradições e traumas em "Neuroses (part. Azevedo e Shenlong)"

"Neuroses (part. Azevedo e Shenlong)", de Orochi, aborda de forma direta como o sucesso no trap brasileiro convive com traumas e pressões psicológicas vindos da vida nas ruas. O título "Neuroses" vai além de problemas individuais, representando o peso coletivo de medos, inseguranças e cicatrizes emocionais que persistem mesmo após conquistas materiais. O refrão “O medo segue, o crime guia / Pra longe dessas neuroses” mostra que, apesar do dinheiro e do reconhecimento, a fuga dos traumas é sempre temporária e marcada pela tensão constante do ambiente em que vivem.

Orochi usa referências como “Rolex GMT” e “Rolex Presidente” para mostrar o sucesso financeiro, mas deixa claro que sua trajetória não pode ser resumida em entrevistas ou julgamentos superficiais, como em “Minha vivência não cabe em duas horas de podcast”. Ao se comparar a Gabigol e Kratos, ele reforça a ideia de superação, mas sem romantizar o caminho: “Sem terminar escola, sem ter formado na boca / A profecia se cumpre, mais um milhão entra na conta”. Shenlong aprofunda o lado sombrio, detalhando o cotidiano de armas, drogas e ostentação, e denuncia o racismo estrutural ao dizer “Na capa de jornal sempre diz que um preto financia”. Símbolos como “Nike, balaclava” e “armamento russo” reforçam a imagem do "bandido chique", mas também evidenciam o conflito entre o fascínio pelo crime e o desejo de escapar das consequências psicológicas desse estilo de vida.

No geral, a música revela as contradições de quem busca ascensão social em um ambiente hostil, mostrando que o sucesso material não elimina os traumas e desafios mentais. "Neuroses" equilibra celebração e denúncia, deixando claro que, mesmo no topo, as marcas do passado e do presente violento continuam presentes.