Diretamente do RJ (part. MC Poze do Rodo)

Realidade e resistência em “Diretamente do RJ (part. MC Poze do Rodo)”

A música “Diretamente do RJ (part. MC Poze do Rodo)”, de Oruam, expõe de forma direta a realidade das favelas do Rio de Janeiro, onde a violência e o crime são consequências do abandono do Estado e da falta de oportunidades. O verso “Ver uma criança de fuzil pra mim, é falta de opção” mostra como, para muitos jovens, o envolvimento com o crime não é uma escolha, mas uma resposta à ausência de alternativas. Oruam, filho de Marcinho VP, usa sua própria história para ilustrar esse ciclo, citando a prisão do pai e a ausência paterna: “Ver meu pai ser preso que se deslumbrou com o crime / Ver minha mãe ser pai quando meu pai não tava lá”. Esses trechos reforçam como a estrutura familiar é afetada pela criminalidade e pela repressão policial nas comunidades.

A participação de MC Poze do Rodo, que também enfrentou problemas com a justiça, reforça o tom de denúncia social da música. Oruam destaca o papel do funk e do trap como formas de resistência e comunicação em áreas marginalizadas, especialmente ao afirmar: “Minha música chegou aonde o Estado não vem”. A letra também critica a mídia e a polícia, como em “Joga minha cara na mídia e que nós canta facção / Me escolheu como vilão pra esse seu filme de mentira”, apontando o estigma enfrentado por jovens da favela. Assim, a música vai além de relatar dificuldades: ela desafia o olhar externo e valoriza a luta e a resiliência de quem conquista espaço apesar das adversidades.