Madrugada é Solidão (part. MC Poze do Rodo)

Solidão e crítica social em “Madrugada é Solidão (part. MC Poze do Rodo)”

"Madrugada é Solidão (part. MC Poze do Rodo)", de Oruam, expõe de forma direta a solidão e a saudade que marcam a vida de quem cresce na favela, especialmente durante a madrugada, quando o silêncio destaca as perdas e os desafios enfrentados. O trecho “Que saudade dos irmão / Dos que se foi na melhor gestão / Mas que saudade eu tenho do meu pai” mostra o luto constante vivido por jovens de comunidades marginalizadas, onde a morte de amigos e familiares é uma experiência recorrente. A expressão “melhor gestão” sugere que, mesmo em períodos menos violentos, as perdas continuam presentes. A letra é inspirada nas vivências pessoais de Oruam, incluindo a perda do pai e de amigos próximos, e reflete a busca por sentido em meio à dor e à ausência.

As referências a Neymar e Zé Pequeno ilustram o contraste entre sonhos de ascensão pelo esporte e a influência do crime, mostrando como as aspirações dos jovens são moldadas pelo ambiente: “É que vários mano quer ser igual o Neymar / Mas de onde eu venho, os menorzin quer ser igual Zé Pequeno”. A música também aborda o preconceito e a criminalização da cultura da favela, especialmente após polêmicas envolvendo Oruam e a proposta de uma “lei anti-Oruam”. Ao dizer “Meu senhor, sou MC, não sou bandido / Quem vem da favela tem que ser sagaz”, o artista denuncia a dificuldade de separar a arte da realidade dura. O desabafo final, “Me culpam por ser ruim, sou só um monstro que vocês criou”, resume a crítica social: a marginalização e a falta de oportunidades acabam moldando comportamentos que depois são condenados pela própria sociedade.