Resposta da Dona Gigi

“Resposta da Dona Gigi”: deboche e limites na pista

“Resposta da Dona Gigi” dá voz à própria Gigi e transforma assédio em munição de deboche. A pista vira um tribunal público: ela promete expor o cara que a aperta e ainda sai dizendo que ela quer ser “sua mulher”. Logo manda o recado: “tu fica tranquilo q eu vou da no papo”. A narrativa mostra o sufoco — ele força beijo e abraço, depois mente — e a reação vem no registro escrachado do funk dos anos 2000. As hipérboles desmontam a pose dele: “feioso”, “barrigudo”, “barba falhada”, “toma bomba o dia inteiro”, “vem tirando onda com a roupa dos outro”.

A canção defende limites e reputação ao levar o caso à luz do baile: “experimenta dar na pista e vai dizer como tu é”, porque “geral tá ligado no seu proceder”. A estratégia é social e estética: exagerar o fedor — “fede mais que um gambá” — e a feiura expõe a masculinidade performática sustentada por bomba, roupa emprestada e conversa fiada. Há ainda o duplo sentido de “dar na pista”: tanto “encarar o baile/rua e ser julgado pelo coletivo” quanto provocar a insinuação sexual, que Gigi rejeita e rebate. No contexto da história iniciada em “Dona Gigi” (parceria com DJ Marlboro), Os Caçadores devolvem o protagonismo à personagem com humor satírico e firmeza. No fim, a mensagem é direta: assédio não passa, mentira tem volta e, na pista, o valentão é desmascarado.