Lamento Às Águas

Ritualidade e ancestralidade em "Lamento Às Águas" dos Tincoãs

Em "Lamento Às Águas", Os Tincoãs utilizam a repetição de nomes de orixás para criar um ambiente de invocação e respeito às forças da natureza, característica marcante das práticas do Candomblé. A presença do iorubá e a menção direta a divindades como Odé (Oxóssi), Ogum e Ajunssun reforçam o caráter coletivo do cântico, onde cada orixá simboliza aspectos fundamentais da vida e da ancestralidade afro-brasileira.

A expressão “Cabirê Iemanjá” e a repetição de “Iemanjá leru” funcionam como mantras, evocando proteção, bênçãos e uma conexão espiritual com Iemanjá, a orixá das águas. O "lamento" do título vai além da tristeza: representa um pedido de acolhimento e purificação, comum nas oferendas e rezas dedicadas a Iemanjá. Ao unir esses elementos religiosos a harmonias vocais sofisticadas, Os Tincoãs celebram a cultura afro-brasileira e promovem o respeito às tradições ancestrais, transformando a música em um ato de resistência e afirmação da identidade negra.