Salva Me

A reinvenção afetiva e cultural de “Salva Me” por Pabllo Vittar

Na versão de “Salva Me”, Pabllo Vittar transforma o apelo por socorro emocional em algo ainda mais próximo do público brasileiro ao incorporar elementos do forró e tecnobrega. Esses gêneros, além de representarem a infância da artista, fazem parte de uma tradição nacional de adaptar grandes sucessos internacionais para ritmos locais. O refrão “Salva-me do vazio, salva-me da solidão, salva-me desse frio” ganha um significado mais profundo quando se entende que, para Pabllo, a música vai além do sofrimento amoroso: ela é também uma conexão afetiva com memórias e referências musicais, como a própria cantora contou ao lembrar das versões em forró que ouvia quando criança.

A letra revela a vulnerabilidade de quem sofre com a ausência de um amor, especialmente em versos como “Cheia de nós na garganta, penso em você ao nem pensar” e “Pouco a pouco, o coração vai perdendo a fé, perdendo a voz”. A repetição do pedido “salva-me” reforça o desespero e a urgência de quem busca ser resgatado do sofrimento. Há também uma ambiguidade no trecho “Me proponho a continuar, mas o amor é uma palavra que deixa a gente duvidar”, mostrando que esperança e descrença coexistem. O pedido de salvação pode ser tanto dirigido ao outro quanto a si mesma, em busca de força para seguir em frente. Ao trazer a canção para o universo brasileiro, Pabllo transforma a dor individual em uma experiência coletiva, ressignificando o clássico do RBD sob uma perspectiva de resistência e pertencimento.