25 Years

Feridas paternas e ruptura em “25 Years”, do Pantera

Em “25 Years”, do Pantera, a repetição de “Don’t touch me” (Não me toque) não é só repulsa física; é um limite contra a influência de um pai visto como fraco e mentiroso. Em “It’s words of a weakling / And promises made by a liar” (São palavras de um fraco / e promessas feitas por um mentiroso), Phil Anselmo explicita esse julgamento. Ao se declarar “the bastard father to the thousands” (o pai bastardo de milhares), ele transforma o drama íntimo em manifesto: assumir a dor e convertê‑la no compromisso de ser um pai melhor para os feios, criticados e indesejados. O título sugere rancor acumulado, e o refrão marca o ponto de não retorno. O juramento “You’ll never be the father I am” (Você nunca será o pai que eu sou) aponta para a ruptura desse legado.

A narrativa é direta e violenta. Imagens como “splintered chair” (cadeira estilhaçada) e o desejo de “kicked in” (arrebentado a pontapés) canalizam a raiva contida; depois vem o inventário das marcas: “Orphaned to the dope and drinks” (Abandonado às drogas e à bebida) e “demons now surfacing” (demônios agora vêm à tona). O sarcasmo de “Does it taste like tequila? Or failure?” (Tem gosto de tequila? Ou de fracasso?) junta vício e derrota como dois sabores do mesmo legado. Há autoafirmação em “I’m becoming more than you’ll be” (Estou me tornando mais do que você será) e um salto ao coletivo em “We’re fucking you back!” (Estamos te fodendo de volta!), quando ele fala por todos os que tiveram pais como o dele. Recado central: romper o ciclo de abuso e ausência, impor limites e construir uma paternidade oposta — dito sem filtro, com fúria e clareza.