Grudges

“Grudges” e o perdão que reconstrói laços no Paramore

“Grudges” não é um pedido de desculpas romântico; é o relato de uma reconciliação entre parceiros de banda. O fato de Zac Farro fazer os vocais de apoio numa faixa sobre a reaproximação dele com Hayley Williams torna o perdão audível. A letra mostra um reencontro cauteloso: “I know you’re shaking my hand like it is the first time” (Eu sei que você está apertando minha mão como se fosse a primeira vez), enquanto a cabeça ainda tenta recontar os defeitos do outro. O refrão interrompe a autópsia do passado — “Stop asking why” (Pare de perguntar por quê) — e propõe ação: “we just pick up and start again” (a gente só segue em frente e recomeça), ecoando o retorno de Zac ao Paramore após anos afastado.

As imagens são diretas e funcionam em camadas. “Time is a bastard” (O tempo é um bastardo) resume a frustração com os anos perdidos, e a frase seguinte inverte a lógica do conflito: “aren’t we so brave to give up a fight” (não somos muito corajosos por abrir mão de uma briga?), tratando a renúncia como coragem. Isso dialoga com o período de separação da banda — “let the years go by without us” (deixar os anos passarem sem a gente) — e com o convite para resgatar a parceria de origem: “we’ll laugh till we cry... like we did when we were kids” (vamos rir até chorar... como fazíamos quando éramos crianças). A repetição “Could it be that I’ve changed or did you?” (Será que eu mudei ou foi você?) desloca a culpa para um reconhecimento mútuo de crescimento. No fim, lembrar é inevitável, mas usar o passado como arma paralisa; a presença de Zac cantando sela o sentido de reconciliação que a música defende.