garotas de franja só querem ser amadas...

Solidão e busca por afeto em "garotas de franja só querem ser amadas..."

A música "garotas de franja só querem ser amadas..." de pary! aborda de forma direta a relação entre a busca por aceitação e o sofrimento silencioso de jovens marcados pela solidão e autolesão. O verso “felicidade é lost media, nunca encontrei ela” usa o conceito de "lost media" (mídia perdida, inacessível) para mostrar como a felicidade parece algo inalcançável ou esquecido, reforçando o tom melancólico da canção. Imagens como “anotações feitas na sua pele com uma faca” e “ela escuta Lil Peep enquanto pula da sacada” conectam a letra ao universo de Lil Peep, artista conhecido por tratar de temas como depressão e autodestruição, sugerindo que pary! dialoga com essas mesmas questões emocionais.

As referências à cultura pop japonesa, como “Queria ser o Ichigo mas a katana só corta a mim” e “Aos 10 anos queria ser o Majin Boo não Sayajin”, funcionam como metáforas para o desejo de força ou transformação, mas que acabam se voltando contra o próprio narrador. Ichigo, de "Bleach", é um personagem que luta para proteger os outros, mas aqui a "katana" (espada) só causa dor ao próprio eu lírico, simbolizando autossabotagem ou autolesão. Já Majin Boo, de "Dragon Ball", é um personagem solitário e incompreendido, reforçando o sentimento de isolamento. O refrão “garotas de franja só querem ser amadas / nos finais de semana querem ser cortadas” usa a imagem da franja, associada a um estilo alternativo e ao estereótipo de jovens sensíveis, para falar abertamente sobre o desejo de afeto e a dor emocional que leva à autolesão.

A canção constrói um retrato honesto de jovens que se sentem invisíveis e buscam no sofrimento uma forma de expressão ou alívio. Ao citar comportamentos como stalking, bloqueios e anotações na pele, pary! evidencia a complexidade das relações interpessoais na era digital e o impacto disso na saúde mental. O tom confessional e as referências culturais fazem da música um espelho de uma geração conectada, mas que enfrenta batalhas internas profundas e silenciosas.