Dream Of The Return

Reflexão e autodescoberta em "Dream Of The Return"

Em "Dream Of The Return", Pat Metheny, em parceria com Pedro Aznar, constrói uma narrativa marcada pela busca de autoconhecimento e respostas para questões existenciais. A imagem central da música — lançar um poema ao mar carregando perguntas e a própria voz — representa a entrega ao desconhecido e a esperança de que, mesmo de forma indireta, algo retorne em forma de revelação ou consolo. Essa metáfora ganha ainda mais força pelo contexto da colaboração entre Metheny e Aznar, que traz influências da música latino-americana e reforça temas como travessia, deslocamento e saudade, comuns em culturas marcadas por migrações e reencontros.

A letra aborda o conflito entre o desejo de partir em busca de algo maior e o medo de não retornar. Isso fica claro em versos como: “Le pedí que no diera la vuelta, sin haber visto en la alta mar y en sueños hablar conmigo de lo que vio” (Pedi que não voltasse sem antes ver o alto-mar e, em sonhos, falar comigo sobre o que viu). O poema lançado ao mar simboliza as perguntas que fazemos à vida, cujas respostas podem demorar ou nunca chegar. Quando o narrador se distancia de sua busca, como em “Aparté tanto que fue el mensaje, que olvidé volver al mar, que así yo perdí aquel poema” (Afastei tanto a mensagem que esqueci de voltar ao mar, e assim perdi aquele poema), ele perde o contato com o que o motivava. O reencontro com o poema “escrito en la arena, como una oración” (escrito na areia, como uma oração) traz uma sensação de reconciliação e libertação, simbolizada pelo mar que “golpeó en mis venas y liberó mi corazón” (bateu em minhas veias e libertou meu coração). A música, assim, fala sobre o ciclo de busca, perda e reencontro consigo mesmo, usando o mar como símbolo do inconsciente e da amplitude das experiências humanas.