Olhos Coloridos

Afirmação negra e resistência em "Olhos Coloridos"

"Olhos Coloridos", interpretada por Paula Lima, é uma música marcada pela afirmação da identidade e do orgulho negro, inspirada em uma experiência real de racismo vivida por Macau, seu compositor. No trecho “Os meus olhos coloridos / Me fazem refletir / Eu estou sempre na minha / E não posso mais fugir...”, a letra revela tanto o impacto da discriminação quanto a decisão de não se esconder ou se envergonhar das próprias origens. A expressão “olhos coloridos” funciona como uma metáfora para a diversidade e a riqueza da ancestralidade negra.

O verso “meu cabelo enrolado / todos querem imitar” denuncia a apropriação cultural, ao mesmo tempo em que valoriza características que antes eram alvo de preconceito. A repetição de “Você ri da minha roupa / Você ri do meu cabelo / Você ri da minha pele / Você ri do meu sorriso...” expõe o racismo cotidiano, mas a música inverte essa lógica ao afirmar: “A verdade é que você (todo brasileiro tem!) / Tem sangue crioulo / Tem cabelo duro”. Assim, a letra destaca a miscigenação como parte essencial da identidade brasileira, desarmando o preconceito ao mostrar que todos compartilham dessa herança. O refrão “Sarará crioulo” reforça o orgulho das raízes afro-brasileiras, transformando o que era motivo de chacota em símbolo de resistência e beleza. Dessa forma, "Olhos Coloridos" se consolida como um hino de autoaceitação e celebração da cultura negra, incentivando a valorização das próprias origens diante da discriminação.