Fixação

Desejo e idealização midiática em “Fixação” de Paula Toller

A música “Fixação”, de Paula Toller, aborda de forma clara o impacto que a imagem de alguém pode exercer sobre outra pessoa, mesmo sem contato direto. Elementos como “seu rosto na TV”, “seu pôster na folha central” e “seus olhos no retrato” mostram como o desejo pode ser alimentado à distância, por meio de imagens midiáticas e idealizações. Esse tema reflete o contexto dos anos 80, quando a cultura pop e a idolatria de celebridades estavam em alta, e as pessoas criavam vínculos intensos com figuras públicas sem conhecê-las pessoalmente.

A letra destaca que essa fixação ultrapassa o racional, tornando-se quase uma obsessão: “assombração” e “fantasmas no meu quarto” são metáforas para a presença constante do objeto de desejo nos pensamentos, mesmo quando se tenta evitá-lo (“Eu mudo o canal / Eu viro a página / Mas você me persegue por todos os lugares”). O refrão, ao repetir “Fixação”, reforça esse estado obsessivo, enquanto a frase em inglês “I want to be alone” (quero ficar sozinha) revela o conflito entre o desejo de se libertar e a dificuldade de romper esse ciclo. A canção também sugere uma crítica à superficialidade das relações mediadas por imagens, como no verso “Preciso de uma chance de tocar em você / Captar a vibração que sinto em sua imagem”. Assim, “Fixação” traduz sentimentos de desejo, idealização e solidão, embalados por uma atmosfera pop marcante.