Nomes de Favela

Memória e resistência em "Nomes de Favela" de Paulo César Pinheiro

"Nomes de Favela", de Paulo César Pinheiro, destaca o contraste entre a beleza dos nomes das favelas cariocas e a dura realidade enfrentada por seus moradores. O compositor cita diretamente lugares como Cantagalo, Cachoeirinha, Mangueira e Rocinha para mostrar como símbolos e tradições desses espaços – como o canto do galo, a água corrente e a infância livre – foram perdidos com o tempo. O verso “O galo já não canta mais no Cantagalo” ilustra essa mudança, sugerindo que a violência e a degradação social tomaram o lugar das antigas alegrias e costumes.

A canção adota um tom nostálgico e reflexivo, especialmente quando Paulo César Pinheiro afirma: “Não sou do tempo das armas / Por isso ainda prefiro / Ouvir um verso de samba / Do que escutar som de tiro”. Aqui, ele evidencia a transição de uma época marcada pela convivência e cultura para outra dominada pelo medo e pela violência. O compositor lamenta a perda dos aspectos positivos das favelas e alerta que, se a situação não mudar, até mesmo os nomes desses lugares – carregados de história e significado – podem perder seu valor. Assim, "Nomes de Favela" é um apelo para que a poesia, a memória e a dignidade dessas comunidades sejam preservadas, antes que a realidade apague até mesmo a lembrança de seus nomes.