exibições de letras 8.859

Mais Perto Do Céu

Pedro Abrunhosa

Letra

    Enquanto eu te escrevo,
    Saravejo morre lenta
    uma morte amordacada
    no silencio dos tiros
    e na paz da granada.
    A noite acoita o metralhar
    sera homem ou fera
    este triste uivar?
    Posso ver as avenidas,
    coloridas, presentes,
    hoje sombras despidas
    do passado distante.
    A vez do vizinho
    que hoje foi a enterrar,
    sozinho, claro, que morrer é ficar.
    Os amantes ali estao
    abracados no asfalto
    onde as balas la do alto
    os apanharam à traicao,
    no coracao, que é o sitio ideal
    para quem mata a paixao,
    que amar é fatal.

    + perto do céu
    anjo d'alma azul
    + perto do céu
    + longe que o sul.

    Calor, ja nao ha,
    só se for o da mortalha
    que é o lencol que me agasalha
    e a cama onde me deito
    e me enrolo sobre o peito,
    recordando o céu azul,
    e quer a norte quer a sul
    a liberdade de fugir.
    Ficar a resistir,
    morrer, nem pensar,
    que a coragem de aqui estar,
    como ontem em Guernica,
    é a vontade de quem fica.
    Vazia a dispensa
    é pior a indiferenca.
    Auschwitz ou Buchenwald
    que afinal foram debalde,
    porque as câmaras de gas
    nao ficaram para tras
    estao aqui à minha frente.
    Eu só quero estar presente
    de novo em Nurembrega,
    porque um povo nao se verga.

    Refrao

    Por isso aqui estou
    com arma sem municao,
    carne para canhao
    para contar toda a verdade...
    ... e liberdade.
    E no futuro, nem sequer se vao lembrar
    que tudo dói, mesmo Tolstoi
    lido à luz da curta vela.
    Saravejo donzela
    tantas vezes violada,
    sempre só, abandonada.
    Tudo o que tenho
    é o empenho de quem sonha.
    O silencio é vergonha,
    arma mortal, punhal
    que mata e maltrata
    escondido, sem ruido,
    tantas vezes repetido,
    e penetra no meu corpo,
    que deixa morto
    pelas costas...
    sem resposta.
    Agora é de vez.
    Faz frio no inferno deste Inverno.
    Cada bomba é uma sombra de indiferenca.

    Crenca que tem que mudar.
    Ha que gritar e mostrar
    ao mundo os mortos
    que o mundo ignora
    e demora a perceber.
    Uso a caneta
    que é a minha baioneta,
    pais eterno
    que deixo no caderno
    tenho medo que me esquecas
    e me pecas para calar a voz,
    mas nao o facas,
    porque ontem foram ao outros
    e hoje nós.

    Refrao (2X)


    Comentários

    Envie dúvidas, explicações e curiosidades sobre a letra

    0 / 500

    Faça parte  dessa comunidade 

    Tire dúvidas sobre idiomas, interaja com outros fãs de Pedro Abrunhosa e vá além da letra da música.

    Conheça o Letras Academy

    Enviar para a central de dúvidas?

    Dúvidas enviadas podem receber respostas de professores e alunos da plataforma.

    Fixe este conteúdo com a aula:

    0 / 500

    Opções de seleção