Águas Pretas e Pardas
Pedro Dos Santos Barcelos
É por isso que sozinho, nas noites prateadas,
Longe, ouvindo o borbulhar das águas pretas e pardas
É que me ponho a imaginar,
No aconchego do cantinho, cada peça em seu lugar.
Horas e horas a meditar.
Passo, a grafar frases soltas no escaninho,
Nem sempre guardadas no arquivo do lar,
Porém são estas, quando me ausentar,
Noutro canto ir morar,
Por onde a lua faz caminho, na mente de quem ficar
Gostaria de aqui deixar, algo que pudesse eternizar,
A arte de quem soube a esta terra amar,
O trabalho e o carinho, a este povo quero dar.
Das crianças, devo cuidar.
Aos pobres, ajudar; com velhos e doentes, meditar
Ao mesquinho perdoar.
Se um dia aqui voltar, na mesma estrada hei de passar
Pelas ruas transitar, os amigos visitar
No mesmo ranchinho repousar
p
Se não retornar, hei de lembrar
Das árvores e flores que no jardim fiz plantar,
Dos amigos e amores que foi preciso aqui deixar,
Mesmo quando velhinho,
Quero isto tudo recordar
E se desta terra não deixar,
Eternamente aqui ficar
Em berço esplêndido, repousar,
No coração desta gente,
Um pouquinho, quero estar...
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