Biko

A força coletiva e política em “Biko” de Peter Gabriel

Em “Biko”, Peter Gabriel utiliza canções tradicionais africanas de funeral, como “Ngomhla sibuyayo” e “Senzeni Na?”, tanto na abertura quanto no encerramento da música. Essa escolha amplia o significado da canção, mostrando que o luto e a resistência vão além da história individual de Steve Biko, tornando-se um símbolo da luta coletiva contra o apartheid na África do Sul. O refrão repetitivo “Oh Biko, Biko, because Biko” e a expressão em xhosa “Yihla Moja” (“desça, espírito”) funcionam como um chamado à memória e à mobilização, transformando a morte de Biko em um ponto de partida para a ação política e a solidariedade internacional.

A letra alterna entre relatos diretos do assassinato de Biko, como em “Police Room 619”, e imagens que expressam o impacto emocional e político do crime. O verso “When I try to sleep at night / I can only dream in red” (“Quando tento dormir à noite / Só consigo sonhar em vermelho”) sugere o trauma da violência e o sangue derramado. Já “The outside world is black and white / With only one colour dead” (“O mundo lá fora é preto e branco / Com apenas uma cor morta”) faz referência à segregação racial do apartheid e à morte de Biko como símbolo da repressão. A metáfora “You can blow out a candle / But you can't blow out a fire” (“Você pode apagar uma vela / Mas não pode apagar um fogo”) reforça que, mesmo com a tentativa de silenciar Biko, sua causa se fortaleceu e se tornou impossível de ser apagada. O verso final, “And the eyes of the world are watching now” (“E os olhos do mundo estão assistindo agora”), destaca o papel da música como denúncia e convite à vigilância global, refletindo o contexto de censura e o engajamento de Gabriel nas campanhas anti-apartheid.