Hands Of Gold (feat. Ed Sheeran)

“Hands Of Gold (feat. Ed Sheeran)”: Poder frio, amor quente

Em “Hands Of Gold (feat. Ed Sheeran)”, Peter Hollens retoma o poema de George R.R. Martin para contrapor os símbolos frios do poder ao calor de um amor clandestino. O refrão “For hands of gold are always cold / But a woman's hands are warm” (Porque mãos de ouro estão sempre frias / Mas as mãos de uma mulher são quentes) funciona como crítica à insígnia da Mão do Rei — a corrente de mãos douradas usada nos livros por Tyrion — e como lembrança de que riqueza e cargo não aquecem o coração. Os versos “He rode through the streets of the city / Down from his hill on high” (Ele cavalgou pelas ruas da cidade / Descendo de sua colina no alto) indicam a saída do castelo rumo ao leito secreto, enquanto “a chain and a keep are nothing / Compared to a woman's kiss” (uma corrente e uma fortaleza não são nada / Comparadas ao beijo de uma mulher) contrapõe, em termos simples, ofício e pedra ao valor do afeto. “She was his secret treasure / She was his shame and his bliss” (Ela era seu tesouro secreto / Ela era sua vergonha e sua felicidade) condensa a tensão entre prazer e culpa que move essas fugas.

Hollens amplia o quadro ao inserir o peso da guerra: “The Last of Darry's ten” (O último dos dez de Darry), o campo manchado de vermelho e “my sword is hungry still” (minha espada ainda está faminta) situam a paixão sob bandeiras e sangue. A repetição do vermelho — na grama, no estandarte, no sol — contrasta com o toque privado, reforçando o sentido do refrão: a glória dourada é fria diante da vida que pulsa no encontro escondido. Cantada por Ed Sheeran na série como mote de bardo e expandida por Peter Hollens para ganhar corpo e melancolia, a letra também permite uma leitura Lannister mais ampla: “hands of gold” (mãos de ouro) pode aludir tanto à riqueza da Casa quanto, para alguns ouvintes, à mão dourada de Jaime, ampliando a crítica à esterilidade do poder frente ao consolo humano.