Vício

Conflito emocional e entrega intensa em “Vício” de Phill Veras

A música “Vício”, de Phill Veras, explora uma relação marcada pela dependência emocional e pela entrega intensa, mas também pelo medo de se machucar. O desejo de se perder no outro aparece misturado à necessidade de proteção, como mostram versos como “pode me algemar, porque eu não quero me perder” e “pode me dopar”. Essas frases revelam a busca por um controle externo, como se o eu lírico precisasse de limites impostos pelo outro para evitar o sofrimento e a vulnerabilidade.

A repetição de pedidos como “pode me prender, me obrigue a ficar” e “pode me calar” reforça a tentativa de transferir ao parceiro a responsabilidade de manter a relação segura, fugindo do risco emocional. Ao mesmo tempo, versos como “não quero te machucar / não devo te machucar” e “não quero me machucar / não devo me machucar” mostram a preocupação com o bem-estar mútuo, mas também a dificuldade de lidar com a dor que pode surgir do envolvimento afetivo. A música é citada como um refúgio – “deixa a música tocar” –, funcionando como um anestésico emocional, um espaço onde é possível adiar decisões difíceis. Assim, “Vício” retrata de forma sensível o equilíbrio entre o desejo de entrega e a necessidade de autoproteção, em uma atmosfera de sonho e introspecção, característica do trabalho de Phill Veras.