ALTERADO (part. Matuê)

Excesso, ostentação e ironia em “ALTERADO (part. Matuê)”

“ALTERADO (part. Matuê)”, de Phl Notunrboy com participação de Matuê, explora de forma direta o universo dos estados alterados de consciência, misturando referências ao uso de drogas, ostentação e uma ironia sobre o próprio sucesso. Logo no início, versos como “Fumando essa droga no estúdio, quase que eu dormi” evidenciam o tom de desapego e a busca por experiências extremas. Já frases como “Eu tô passando da estratosfera, eu tô vendo um OVNI” usam metáforas para mostrar como os artistas se sentem fora da realidade comum, seja pelo uso de substâncias ou pelo estilo de vida luxuoso e excêntrico. Esse distanciamento da vida cotidiana, reforçado pelo sucesso e riqueza, é uma marca do trap brasileiro atual.

A letra também faz críticas e brincadeiras com o materialismo e a cultura do hype, como em “Quero pôr mais cem mil no meu pulso, mas não cabe” e “Baby, eu vou te lançar uma Birkin super size”. Essas imagens reforçam o desejo de sempre ultrapassar limites, mas também ironizam o vazio desse acúmulo, resumido em “tudo é só uma questão de imagem”. O verso “Doutor disse, o meu sangue tá muito alterado” sintetiza o impacto desse estilo de vida: tudo está fora do padrão, do corpo à rotina. Expressões como “swagnometria” e menções a marcas de luxo (Maison Margiela, Balenciaga) reforçam a identidade dos artistas e a inovação na cena trap. Por fim, as partes em inglês, como “real trap legends” e “worldwide takeover” (verdadeiras lendas do trap / dominação mundial), ampliam a ambição dos artistas para além do Brasil, mostrando autoconfiança e desejo de reconhecimento global.