Crime (part. Kosmo da Gun)

Realidade e crítica social em “Crime (part. Kosmo da Gun)”

“Crime (part. Kosmo da Gun)”, de Phoenix RDC, retrata de forma direta a rotina difícil e sem glamour do crime nas periferias. Logo no início, versos como “Tempo 'tá frio mas tem chuva / Dois canos e um par de luvas” mostram o clima de tensão constante, onde a violência e a preparação fazem parte do dia a dia. Phoenix RDC utiliza expressões como “limpezas ao domicílio” e “carrega o que podes, limpeza ao recinto” para falar abertamente sobre assaltos e roubos, deixando claro que, nesse contexto, a busca por dinheiro é uma questão de sobrevivência, não apenas de ambição.

A letra também destaca a falta de oportunidades e a pressão social enfrentada por quem vive à margem, como em “rapazes na zona com o bolso faminto” e “compra-se tudo, regras e leis”, sugerindo que o sistema é corrompido e que o crime muitas vezes surge como resposta à exclusão. O trecho “Eu quero um Deus black / Pra amenizar o meu trap / Bófias brancos não têm respect / Será que Jesus era skinhead?” faz uma crítica direta ao racismo institucional e à falta de representatividade, questionando a justiça e a fé em um ambiente de opressão. O refrão, com frases como “Fake niggas, lay low” e “Agora só paro com a mala cheia, nigga feel me”, reforça a desconfiança, a luta por sobrevivência e a busca constante por dinheiro, enquanto desafia rivais e a própria morte. Assim, a música vai além de narrar a vida no crime, denunciando as causas sociais e raciais que levam muitos a esse caminho.