Morte do Artista

Resistência e afirmação cultural em "Morte do Artista"

Em "Morte do Artista", Phoenix RDC aborda a evolução do hip-hop em Portugal, mostrando como o gênero passou de marginalizado a reconhecido, mas sem perder o olhar crítico sobre as barreiras ainda presentes. O artista utiliza a ideia de "morte" não como fim, mas como superação de uma identidade imposta e início de uma nova fase de protagonismo. Ao dizer "Hoje somos a música, fenómenos da arte lúdica", ele celebra a conquista de espaço, mas lembra o passado de exclusão, quando "cantávamos só em becos e o público eram sócios" e o hip-hop era visto como "aberração".

A música é uma resposta direta à marginalização histórica do rap lusófono, destacando a luta contra o racismo e a importância de manter o caráter contestador do hip-hop. Isso aparece em versos como "Tive que 'tar na resistência a sós, sem direito a voz / A luz só veio depois dos 32", onde Phoenix RDC compartilha sua trajetória de invisibilidade e resistência até o reconhecimento. Ele critica as tentativas de legitimação externa, como quando menciona os "cotas que sabotam hoje" e a ideia de que o rap só será aceito nos "Globos de Ouro". Ao afirmar que "música não é só fado", o artista defende a pluralidade cultural portuguesa e a inclusão do hip-hop como parte dessa identidade.

O refrão "Queremos e vamos deixar a nossa rubrica" simboliza a determinação de deixar um legado, enquanto frases como "Mentes fechadas tão seladas pra'ó diferente" denunciam o preconceito ainda existente. "Morte do Artista" se destaca como um manifesto de resistência, superação e afirmação cultural, conectando a experiência pessoal de Phoenix RDC à luta coletiva do hip-hop em Portugal.