Quadrinhos

Crítica à alienação midiática em "Quadrinhos" dos Picassos Falsos

A música "Quadrinhos" dos Picassos Falsos faz uma crítica direta à superficialidade com que as pessoas consomem informação desde cedo. O refrão, "desde criança só lemos os quadrinhos dos jornais", usa a imagem dos quadrinhos para mostrar como muitos preferem o entretenimento fácil e evitam conteúdos mais profundos ou críticos. Essa escolha não é apenas individual, mas também resultado de uma cultura alimentada pela mídia, que incentiva a alienação e o consumo superficial de notícias. O contexto da época em que a banda surgiu, misturando rock com ritmos brasileiros, reforça o compromisso do grupo em abordar temas sociais relevantes de forma inovadora.

A letra também faz um paralelo entre a manipulação das notícias e a desilusão nas relações pessoais. No trecho "a carta que você me escreveu não dizia a verdade, você mentiu da mesma forma, que os jornais falam da realidade", a mentira íntima é comparada à distorção midiática, mostrando que a falta de honestidade está presente tanto no coletivo quanto no pessoal. O verso "quer virar manchete, cansei de ser croquete, de ser engolido pelas grandes notícias, tanta falsidade" expressa o cansaço diante do sensacionalismo e da busca por destaque a qualquer custo. A influência do poeta Paulo Leminski, citada pelo vocalista Humberto Effe, aparece na concisão do refrão, que, mesmo sem intenção inicial, lembra um haicai e resume a crítica social em poucas palavras. "Quadrinhos" segue atual ao questionar a alienação e a necessidade de buscar um olhar mais atento sobre a realidade.