Monstro (part. MC Sid, DK 47, Sant, TerrorDosBeats)

Crítica social e desigualdade em “Monstro (part. MC Sid, DK 47, Sant, TerrorDosBeats)”

A música “Monstro (part. MC Sid, DK 47, Sant, TerrorDosBeats)” de Pineapple utiliza a metáfora de uma receita culinária para mostrar como o sistema social brasileiro contribui para a marginalização de pessoas. O verso “vou te passar uma receita de como o sistema prepara mais um vilão” deixa claro que a criminalização de certos grupos não é acidental, mas resultado de fatores como falta de saneamento, violência, frustração e ausência de oportunidades, todos combinados sob pressão constante. A letra evidencia que o ambiente e as condições impostas pelo sistema são determinantes para o surgimento da criminalidade, rejeitando a ideia de que as pessoas já nascem “vilãs”.

A canção também faz uma crítica direta à desigualdade racial e social, destacando como a cor da pele e a classe social influenciam a forma como crimes são julgados: “Se for preto é tráfico, se for branco é contravenção / Se é pobre é estelionato, se é rico é corrupção”. Esse trecho escancara o preconceito estrutural e a seletividade do sistema penal brasileiro. Ao afirmar “O sistema mata o monstro que o próprio sistema cria”, a música responsabiliza o Estado e a sociedade por perpetuarem um ciclo de exclusão e violência. O tom direto e crítico da letra convida à reflexão sobre a responsabilidade coletiva e a hipocrisia de um sistema que condena os “monstros” que ele mesmo ajudou a formar.