Poetisas no Topo 4

Representatividade e resistência em "Poetisas no Topo 4"

"Poetisas no Topo 4", da Pineapple, destaca-se por unir trajetórias pessoais e referências históricas em um manifesto de resistência e orgulho feminino no hip hop brasileiro. Lançada na véspera do Dia Internacional da Mulher, a faixa reúne artistas como Negra Li, Luedji Luna e Duquesa, reforçando a celebração da diversidade e da força das mulheres, especialmente negras, em um cenário tradicionalmente masculino. Luedji Luna, ao citar figuras como Nzinga, Tereza de Benguela e Winnie Mandela, conecta a luta das mulheres negras brasileiras a uma linhagem de guerreiras históricas, ampliando o sentimento de representatividade e ancestralidade.

As letras abordam temas como superação, empoderamento e crítica social de forma direta. Clara Lima, ao dizer "Me chamam de Mulher Rei", desafia papéis de gênero e valoriza a liderança feminina. Boombeat questiona o machismo com a frase "Sinônimo de homem não é pinto, para com isso, senão também vai ser cobrada", expondo hipocrisias e padrões impostos. Negra Li, referência do rap nacional, ressalta a importância de abrir caminhos para novas gerações e cita atletas como Bia de Souza, Rebeca Andrade e Rayssa Leal, ampliando o conceito de vitória e representatividade. O refrão de Duquesa, "Garota negra precisa existir nessa cena e pegar de volta o que tão nos devendo", resume o chamado à ocupação de espaços historicamente negados. A colaboração entre diferentes estilos e vivências reforça que o topo é lugar de mulher e que a luta por respeito, visibilidade e igualdade é coletiva e contínua.