Poetisas No Topo

Resistência e empoderamento feminino em “Poetisas No Topo”

“Poetisas No Topo”, do coletivo Pineapple, destaca a força das mulheres no rap ao resgatar marcos históricos da luta feminina no Brasil. As MCs citam figuras como Bertha Lutz e Celina Guimarães, conectando conquistas do passado à resistência atual no hip hop. O lançamento, feito na véspera do Dia Internacional da Mulher, reforça que a presença feminina no gênero é fruto de uma trajetória de enfrentamentos e avanços, não um fenômeno recente. A letra traz datas e nomes que simbolizam a luta pelos direitos das mulheres, transformando cada verso em um ato político e de memória coletiva.

A diversidade das artistas — incluindo mulheres negras, lésbicas, trans e de diferentes estilos — amplia o alcance da mensagem de empoderamento e inclusão. Versos como “Nóis que gera, é nóis que pari, e não tem pool party / Vim contestar, fortificar, fazer mais um resgate” e “Engole todo seu machismo e reconhece / Nóis é foda mermo, nóis é xota mermo, mano” confrontam o machismo estrutural e celebram a autonomia feminina. Metáforas como “minhas rima picada de abelha, e o voo é borboleta” e referências a Oyá e Anne Frank reforçam temas de resiliência, transformação e ancestralidade. A música também aborda racismo e violência, como nos versos “Cês matam em nome de Jesus / Bando de Bolsonaro” e “Rafael Braga, preso por ser preto”. O refrão coletivo reafirma a união das mulheres no rap: “É nóis que manda aqui também / É nóis que vive aqui / Com nossos pés no chão / Levantando a cabeça toda vez que eles nos disserem não”. “Poetisas No Topo” se consolida como um manifesto de resistência, orgulho e transformação social, celebrando a pluralidade feminina no rap brasileiro.