Todo Mundo Odeia Acústico (Poesia Acústica #4)

Crítica social e resistência em “Todo Mundo Odeia Acústico”

“Todo Mundo Odeia Acústico (Poesia Acústica #4)”, do coletivo Pineapple, utiliza o título irônico para antecipar o tom crítico da faixa. A referência à série “Todo Mundo Odeia o Chris” reforça o sentimento de exclusão e marginalização, conectando as experiências dos artistas à realidade das periferias brasileiras. A música se destaca por abordar temas como racismo, desigualdade e resistência, indo além do romantismo comum ao projeto “Poesia Acústica”.

MV Bill, por exemplo, faz referência ao anime “Death Note” para expressar o desejo de justiça diante das injustiças sociais. Ao citar “Isso é coisa de preto, na visão de William Waack”, ele denuncia o racismo estrutural, trazendo à tona um episódio real de preconceito na mídia. Froid utiliza figuras como Frida Kahlo e Diego Rivera para discutir a morte de ideais revolucionários e a corrupção, como nos versos: “Comunismo já morreu faz tempo / No cimento da casa da Frida / E o Diego morreu por dinheiro / Com a veia entupida, porque a morte é viva”. Djonga mistura críticas sociais e reflexões sobre o cotidiano, evidenciando a desigualdade com versos como “Geografia da vida, lógica do morro / Sempre que um sobe, outro desce”.

A coletividade dos versos mostra que, apesar das diferenças, todos compartilham desafios semelhantes. Azzy e Delacruz trazem um tom mais esperançoso, falando sobre sonhos e superação, como em “Hoje essa rua é minha / Nunca perguntei se seria / E mesmo se ela não fosse / Eu ia lá trilhar”. Assim, a música se constrói como um mosaico de vivências urbanas, unindo crítica social, ironia e poesia para denunciar injustiças e celebrar a resistência.