Dogs

A crítica à desumanização corporativa em “Dogs” do Pink Floyd

A música “Dogs”, do Pink Floyd, faz uma crítica direta à desumanização e à solidão que acompanham a busca pelo sucesso no ambiente corporativo. A letra retrata executivos e homens de negócios como predadores, comparando-os a cães que, apesar de manterem uma aparência civilizada — “the club tie and the firm handshake” (a gravata do clube e o aperto de mão firme) —, agem de forma traiçoeira e calculista para sobreviver e prosperar. O trecho “You have to be trusted by the people that you lie to / So that when they turn their backs on you / You’ll get the chance to put the knife in” (Você precisa ser confiável para as pessoas a quem você mente / Assim, quando elas virarem as costas para você / Você terá a chance de enfiar a faca) destaca a hipocrisia e a manipulação presentes nesse ambiente, reforçando a crítica à falta de ética e à competitividade extrema.

A inspiração para a música veio da observação do comportamento predatório no mundo dos negócios, e a letra mostra as consequências desse estilo de vida: envelhecimento solitário, arrependimento e doença, como em “Just another sad old man / All alone and dying of cancer” (Apenas mais um velho triste / Sozinho e morrendo de câncer). O termo “stone”, repetido no final da faixa e conectado à próxima música do álbum, simboliza o peso das escolhas e a petrificação emocional desses indivíduos, que acabam “dragged down by the stone” (arrastados para baixo pela pedra). A segunda parte da música aprofunda o sentimento de alienação e confusão, mostrando que até quem tenta se adaptar a esse sistema acaba perdido, isolado e sem laços afetivos verdadeiros. Assim, “Dogs” vai além de uma crítica social, tornando-se um retrato sombrio das consequências humanas de uma vida baseada na competição e na desconfiança.