O Aperreio do Cabra Que o Excomungado Tratou Com Má-querença e o Santíssimo Não Deu Guarida

Humor e lenda nordestina em “O Aperreio do Cabra Que o Excomungado Tratou Com Má-querença e o Santíssimo Não Deu Guarida”

A música “O Aperreio do Cabra Que o Excomungado Tratou Com Má-querença e o Santíssimo Não Deu Guarida”, de Pitty de Menezes, apresenta uma narrativa bem-humorada e irônica sobre o destino de Lampião, o lendário cangaceiro do sertão nordestino. Inspirada nos cordéis populares, a letra conta como, após sua morte, Lampião tenta entrar tanto no céu quanto no inferno, mas é rejeitado por ambos. Isso fica claro nos versos: “Bandoleiro sem estrada pediu abrigo eterno / Atiçou o cão cá-trás, fez furdunço / E Satanás expulsou ele do inferno” e “O jagunço implorou lugar no céu / Toda santaria se fez de bedel”. Esses trechos mostram que nem o diabo nem os santos quiseram receber Lampião, reforçando sua imagem de figura controversa, que não se encaixa entre santos nem pecadores.

A letra utiliza elementos típicos do sertão, como “rifle de Corisco e Cansanção”, “mamulengo”, “Padim Ciço” e “mandacaru”, criando um ambiente que mistura realidade e fantasia. O tom descontraído, com imagens marcantes do Nordeste, faz a narrativa soar como uma história contada ao redor da fogueira, cheia de emoção e deboche. O refrão “Leopoldinense, cangaceira, a minha escola / Eis o destino do valente Lampião” conecta a tradição do cangaço à escola de samba Imperatriz Leopoldinense, celebrando a coragem e ousadia tanto do personagem quanto da agremiação. No fundo, a música destaca a força do mito de Lampião, que, mesmo rejeitado por céu e inferno, permanece vivo no imaginário popular do sertão.