Salgueiro de Corpo Fechado

Espiritualidade e resistência em “Salgueiro de Corpo Fechado”

Em “Salgueiro de Corpo Fechado”, Pitty de Menezes explora a ideia de proteção espiritual coletiva, indo além da defesa individual. A letra faz referência a práticas como “prepara o alguidar acende a vela”, “firma ponto ao sentinela” e “faz a cruz e risca a pemba”, mergulhando nas tradições afro-brasileiras e indígenas. Elementos como ervas (“arruda e alecrim”), patuás e a invocação de entidades como Exu Pimenta e Xangô mostram como a proteção é construída por meio de rituais e símbolos, reforçando a ligação entre espiritualidade e identidade do Salgueiro. O samba-enredo, inspirado na busca por proteção espiritual, utiliza cada elemento ritualístico como uma camada de defesa contra ameaças físicas e espirituais.

A música também faz conexões históricas e culturais importantes. Ao citar os “malês”, referência à Revolta dos Malês, e Lampião, símbolo da resistência sertaneja, a letra destaca coragem e resiliência. O verso “Tenho a fé que habita o sertão de Lampião, o cangaceiro” associa fé à bravura diante das adversidades, enquanto “sou espinho qual fulô de macambira” usa uma metáfora regional para expressar resistência natural. O samba valoriza ainda a malandragem carioca e a ancestralidade, como em “Sou eu, malandragem de corpo fechado”, e ressalta a força coletiva do Salgueiro: “Quem se mete com o Salgueiro acerta as contas na curimba”. Assim, a música celebra a fé, a proteção e o orgulho das raízes afro-brasileiras, convidando a comunidade a se fortalecer em sua história e espiritualidade.