Déjà Vu

Desencanto e reconexão em "Déjà Vu" de Pitty

Em "Déjà Vu", Pitty explora o sentimento de apatia diante das "verdades", "doutrinas" e "respostas" que não convencem mais. A artista já comentou que a música reflete um desapego das distrações e rotinas do cotidiano, mostrando um desencanto com as estruturas tradicionais de sentido. O verso “Nenhuma verdade me machuca / Nenhum motivo me corrói” revela uma protagonista que não se abala com certezas externas, indicando uma busca por autenticidade e um cansaço diante da repetição da vida. Esse sentimento é reforçado pelo refrão “já faz algum tempo” e pelo próprio título, "Déjà Vu", expressão francesa que remete à sensação de já ter vivido aquela situação antes.

A imagem do "banho de chuva" simboliza uma tentativa de reconexão com o presente e com o próprio corpo, em contraste com a alienação expressa em “A minha alma nem me lembro mais / Em que esquina se perdeu”. O contato com a chuva faz a narradora se sentir viva, mesmo em meio à monotonia. No trecho final, “Mas eu não tenho pressa / Já não tenho pressa”, há uma aceitação tranquila desse estado de limbo, sugerindo que a busca por sentido pode ser paciente e que existe valor em simplesmente existir. Assim, a canção equilibra o desconforto existencial com uma nova postura de paciência e presença, retratando honestamente quem aprende a conviver com a incerteza e a repetição sem perder a capacidade de sentir.