Ceux Qui Rêvent

Solidão e insônia em “Ceux Qui Rêvent” de Pomme

A música “Ceux Qui Rêvent”, de Pomme, aborda de forma direta e sensível a experiência da insônia e o impacto emocional que ela causa. A artista transforma o quarto escuro em um cenário de inquietação, onde pensamentos não param e a solidão se intensifica. Pomme utiliza imagens marcantes para ilustrar essa vivência: as “nuits blanches” (noites em claro) não são realmente brancas, mas “à peine claires, semées d’étoiles” (mal claras, salpicadas de estrelas), mostrando que até as pequenas luzes da noite não aliviam o isolamento do insone. O verso “je passe des heures infinies à compter les moutons funèbres” (passo horas infinitas contando carneiros fúnebres) reforça a frustração, já que até o ato de contar carneiros, normalmente associado ao sono, se torna sombrio e inútil diante da insônia.

O refrão “Ceux qui rêvent ont bien de la chance, les autres ont des insomnies” (Aqueles que sonham têm muita sorte, os outros têm insônia) deixa claro o sentimento de inveja e exclusão de quem não consegue dormir, algo que Pomme já revelou ser uma experiência pessoal. A letra também destaca como o pensamento acelerado impede o descanso: “Et moins je dors et plus je pense, et plus je pense et moins j’oublie” (E menos eu durmo, mais eu penso, e mais eu penso, menos eu esqueço). O tédio noturno é chamado de “cosmique”, e a busca por soluções, como “dois-je recourir à la science? anesthésier l’insomnie?” (devo recorrer à ciência? anestesiar a insônia?), mostra o desespero diante da falta de controle. No final, a repetição de “je ne dors pas” (eu não durmo) transmite exaustão e resignação, enquanto metáforas como “la lune est un fruit un peu rance, la vie est une maladie” (a lua é uma fruta um pouco rançosa, a vida é uma doença) ampliam o sentimento de desencanto e desconforto existencial presente em toda a canção.