Fatality

A crítica social e o jogo de palavras em “Fatality” de Projota

Em “Fatality”, Projota utiliza uma estrutura única: toda a letra é construída apenas com palavras iniciadas pela letra “F”. Essa escolha não é apenas um desafio estilístico, mas também serve para ilustrar a repetição e o ciclo de dificuldades enfrentados por quem vive à margem da sociedade. O título faz referência ao golpe final do jogo Mortal Kombat, reforçando a ideia de que a realidade retratada é marcada por situações extremas, onde a sobrevivência é uma luta diária e, muitas vezes, o desfecho é trágico, como no verso “Ferro, fogo, furo, ferimento, funeral, fatality”.

A música aborda temas como desigualdade, violência e esperança, usando aliterações para dar ritmo e força à mensagem. Projota destaca a importância da família e a luta dos trabalhadores comuns, como em “Feirante, formando, ferreiro / Faxineiro, funileiro freestyleiro”, ao mesmo tempo em que critica a futilidade e a falsidade de quem julga de fora: “Faladores falarão: Fétida futilidade / Firmão Fatalmente formarão falsidade”. O contraste entre “Favelado: Fusca Figurão: Ferrari” evidencia a distância social e econômica, enquanto a repetição de termos ligados à violência reforça o ambiente hostil das periferias. Apesar disso, há espaço para esperança e resistência, como em “Fé: Fortaleza, fundamento” e “Fibra faz façanha, fundação: Felicidade fecundada”.

Projota se inspira em músicas como “Brasil com P” do GOG e “Mister M” do Inquérito, reconhecendo a tradição do rap nacional de usar restrições criativas para potencializar a crítica social. “Fatality” impressiona tanto pela habilidade técnica quanto pela força da mensagem, transformando o jogo de palavras em um retrato direto e impactante da realidade brasileira.