Numbers (I Can Only Count To 4)

“Numbers (I Can Only Count To 4)” e a sátira do metal

“Numbers (I Can Only Count To 4)” é uma paródia direta de “Bodies”, do Drowning Pool, onde o refrão “let the bodies hit the floor” (deixem os corpos caírem no chão) vira o mantra “I can only count to four” (eu só consigo contar até quatro). Ao trocar a catarse bruta do original por burrice deliberada, o Psychostick zomba da seriedade do metal e do poder hipnótico de um refrão martelado. A letra encena o “fracasso matemático” com contagens erradas — “One, two, five, four / One, two, nine, ten” (um, dois, cinco, quatro / um, dois, nove, dez) — e reforça a piada ao repetir o limite do quatro. Quanto mais o bordão volta, mais a faixa expõe como o metal radiofônico pode soar performático e previsível quando se leva a si mesmo a ferro e fogo.

No meio do caos vem o deboche explícito: “The numbers have all beaten you / You never made it through middle school / Your edu-ma-cation failed your mind” (os números derrotaram você / você nunca terminou o ensino fundamental / sua edu-ma-ca-ção falhou com sua mente), transformando a ignorância em personagem. No final, o coro “We can only count to four” (nós só conseguimos contar até quatro) inclui a plateia na zoeira e satiriza o efeito manada do moshpit. O humor é também meta: o sketch sobre batizar o álbum “Space Vampires vs. Zombie Dinosaurs in 3D” (Vampiros Espaciais vs. Dinossauros Zumbis em 3D) — o próprio disco em que a faixa saiu — reforça a estética do absurdo. O resultado é uma caricatura afetuosa do universo pesado, feita por quem conhece o terreno que está parodiando.